terça-feira, 21 de abril de 2009


Onde Estão as Violetas

Onde estão as violetas?
Na mão de etéreos meninos
Que enterram flores na areia,
Na areia consecutiva.

Túmulos de beija-flores
São essas vagas colinas
Sem consistência nenhuma
Sob as mãos inconsistentes
Que vão plantando violetas,
Violetas consecutivas.

Mudam de cor as violetas,
Vão sendo róseas e brancas,
E irão desaparecendo
Por ilusórios caminhos
Como, sem rosto, os meninos,
Meninos consecutivos.

Em tempos consecutivos
Quem pode ver esse mundo
Só de meninos, areias,
Túmulos de beija-flores
E sombras de violetas?

Cecília Meireles


“Permita que eu feche os meus olhos, pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora, e cantando pus-me a esperar-te.
Permita que agora emudeça: que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio, e a dor é de origem divina.
Permita que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo.”

Cecília Meireles
Herança

Eu vim de infinitos caminhos,
e os meus sonhos choveram lúcido pranto
pelo chão.

Quando é que frutifica, nos caminhos infinitos,
essa vida, que era tão viva, tão fecunda,
porque vinha de um coração?

E os que vierem depois, pelos caminhos infinitos,
do pranto que caiu dos meus olhos passados,
que experiências, ou consolo, ou prêmio alcançarão?

Cecília Meireles

sábado, 18 de abril de 2009

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Namastê

Namastê é uma saudação em sânscrito que significa “o deus que habita dentro de mim saúda o deus que está em você” ou " a minha essência saúda a sua essência".



O sorriso

discreto

de rochas nuas,

fragas

doces

a olhar o rio.


Gundula Steglitz

quinta-feira, 16 de abril de 2009




O T da vida Por Paulo Roberto Gaefke

Quantos planos cabem nos seus sonhos? Qual é a ousadia que você pode fazer neste dia? Qual é a coisa mais louca que passou pela sua cabeça? Qual o desejo que mexeu com sua estrutura? Qual o prato te fez salivar no meio da rua? Qual a pessoa que te fez virar o rosto para seguir com os olhos? Quem você desejou estar numa ilha deserta nesta tarde? O que você achou possível e a realidade disse não? Não, não pare de sonhar. A hora que essas coisas não acontecerem mais, pode procurar o analista, deitar no divã ou no caixão, ou você anda vivendo no estresse, na depressão, ou pior, morreu e esqueceu de deitar, não pare de sonhar... A vida pede desejos, sonhos, interesses pessoais, e por mais que falem para buscarmos a simplicidade, até a simplicidade tem um custo, um preço diferenciado, a sua casinha branca no campo custa caro, a horta pede trabalho forçado, a hora do rush na cidade é um inferno, mas, em qualquer lugar, podemos sonhar... Sonhe, mas não deixe de correr atrás, não desista de você, das suas idéias, coloque paixão em tudo, até na hora incerta, no medo de errar, na hora de falar, na gagueira nervosa, tudo isso passa, a hora passa, o trem passa, ihhh...o ônibus passou... "tem problema não", logo vem outro, o que importa é você. O ônibus, o trem, o carro, o amor que passou, tudo é passageiro, vai um, vem outro. Você não, você é especial, podemos perder tudo, menos você. Você é essencial.

quarta-feira, 15 de abril de 2009


A caixa

Na caixa tem
tudo: tem
comida, tem
banheiro,
tem cama


Na caixa
há brigas
há discussões
há choros


Na caixa
tem arrependimento
tem medo
tem agonia


A caixa
tem cheiro
de salvação

Gabriela Guglielmo

Chaplin, numa ocasião quando fez um filme falado,
foi interogado pela grande estrela Sophia Loren,
que perguntou:
Ele sempre tinha feito filme mudo
e ia fazer um filme falado se não tinha medo de cometer erros...
ai ele sabiamente respondeu :
(tenho isso como um lema de minha vida)
...todavia as unicas pessoas que não erram
são aquelas que nada fazem na vida,
o erro é o tributo que pagamos
por levar uma vida bem vivida....

(Charles Chaplin)


...Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é… Simplicidade.

Charlie Chaplin

terça-feira, 14 de abril de 2009


"Ser feliz para sempre é aceitar com resignação católica o pão nosso de cada dia e
sentir-se imune a todas as tentações, então é deste paraíso que quero fugir. Não
estou disposta a inventar dilemas que não existem, mas quero reencontrar aqueles
que existem e que foram abafados por minha vida correta."

Trechos do livro " Divã", Martha Medeiro...


Divã é a história de Mercedes uma mulher de 40 anos
que decide procurar um psicanalista, a princípio por curiosidade,
mas acaba transformando sua vida.



Divã,de Martha Medeiros, livro com mais de 60 mil exemplares vendidos se tornou no teatro uma peça que ficou três anos em cartaz e foi vista por 175 mil pessoas. Agora a atriz Lilia Cabral revive, no cinema, Mercedes,a protagonista. As mulheres se reconhecem na Mercedes.

Numa entrevista dada por Lilia Cabral ela conta que vê a Mercedes como uma mulher que pensava que estava vivendo – tinha vinte anos de casada, era professora, gostava de pintar, o marido era advogado... Mas a partir do momento em que ela começou a falar, ela foi se conhecendo. E com isso ela viu que não estava vivendo. Ou melhor: ela estava vivendo, mas ela não era feliz. E o fato de você buscar uma felicidade não significa que você vai de encontro à felicidade.


A comédia de José Alvarenga Jr inspirada no livro de Martha Medeiros, trás a tona a vida de uma mulher definida por “moderna, inteligente, pragmática, divertida e super-feminina”. Aos quarenta anos com uma vida que parece ser realizada, por curiosidade e brincadeira Mercedes procura um analista. Um profissional feito esse é capaz de fazer uma mulher centrada e estável refletir sobre sua própria vida e questioná-la, discutindo os padrões que não são colocados em pauta na rotina.


Parece simples que “Para mudar, é preciso dar o primeiro passo”. Mas por vezes as pessoas não se dão conta disso. E divã,convida para refletir






http://www.youtube.com/watch?v=5W_S0QN522E



Cresça e divirta-se


Tenho viajado pra lá e pra cá acompanhando algumas pré-estreias do filme Divã, baseado no meu livro homônimo. Delícia de tarefa, ainda mais quando a gente gosta de verdade do trabalho realizado, e esse filme realmente ficou enxuto, delicado e emocionante. Além disso, ainda consegue me provocar. A personagem Mercedes (vivida pela incrível Lilia Cabral) está fazendo análise e leva pro consultório muitos questionamentos sobre sua vida. Até que, passado um tempo, finalmente relaxa e se dá conta de que não há outra saída a não ser conviver com suas irrealizações. Diante disso, o analista sugere alta, no que ela rebate: “Alta? Logo agora que estou me divertindo?”

Eu tinha esquecido dessa parte do livro, e quando vi no filme, me pareceu tão cristalino: um dos sintomas do amadurecimento é justamente o resgate da nossa jovialidade, só que não a jovialidade do corpo, que isso só se consegue até certo ponto, mas a jovialidade do espírito, tão mais prioritária. Você é adulto mesmo? Então pare de reclamar, pare de buscar o impossível, pare de exigir perfeição de si mesmo, pare de querer encontrar lógica pra tudo, pare de contabilizar prós e contras, pare de julgar os outros, pare de tentar manter sua vida sob rígido controle. Simplesmente, divirta-se.


Não que seja fácil. Enquanto um corpo sarado se obtém com exercício, musculação, dieta e discernimento quanto aos hábitos cotidianos, a leveza de espírito requer justamente o contrário: a liberação das correntes. A aventura do não-domínio. Permitir-se o erro. Não se sacrificar em demasia, já que estamos todos caminhando rumo a um mesmo destino, que não é nada espetacular. É preciso perceber a hora de tirar o pé do acelerador, afinal, quem quer cruzar a linha de chegada? Mil vezes curtir a travessia.

Dia desses recebi o e-mail de uma mulher revoltada, baixo astral, carente de frescor, e fiquei imaginando como deve ser difícil viver sem abstração e sem ver graça na vida, enclausurada na dor. Ela não estava me xingando pessoalmente, e sim manifestando sua contrariedade em relação ao universo, apenas isso: odiava o mundo. Não a conheço, pode sofrer de depressão, ter um problema sério, sei lá. Mas há pessoas que apresentam quadro depressivo e ainda assim não perdem o humor nem que queiram: tiveram a sorte de nascer com esse refinado instinto de sobrevivência.

Dores, cada um tem as suas. Mas o que nos faz cultivá-las por décadas? Creio que nos apegamos com desespero a elas por não ter o que colocar no lugar, caso a dor se vá. E então se fica ruminando, alimentando a própria “má sorte”, num processo de vitimização que chega ao nível do absurdo. Por que fazemos isso conosco?

Amadurecer talvez seja descobrir que sofrer algumas perdas é inevitável, mas que não precisamos nos agarrar à dor para justificar nossa existência.

Martha Medeiros
4/04/2009

segunda-feira, 13 de abril de 2009


Existem máscaras que nos impomos e máscaras que outros nos impõem.
Não desejo dizer a que vim, nem almejo entendê-lo. No entanto, muitas vezes me vejo encurralada, aprisionada em uma fotografia com um perfil que não reconheço como sendo meu. Não preciso dar respostas a todo mundo que não me vê como eu sou. Muito menos arranjar explicações para supostas contradições minhas. Não sou uma super-mulher, nem tenho essa pretensão. Só o fato de ser mulher já dá bastante trabalho, ao ponto que homem algum imaginaria. Não sei que estigma é esse. Aparência, talvez. Personalidade forte. Tanto atrai quanto assusta. Só não gosto que me cobrem atitudes programadas. Ou carinha de felicidade. Minha simpatia é seletiva. Falo quando quero. Mostro-me em parcelas sem datas marcadas. Pra me ter, é preciso muito mais do que meu corpo e meu sorriso. Pra me enxergar, basta se desfazer do rascunho que sou por fora... com certeza, muito além do que se vê.

Deise Barreto

http://fc08.deviantart.com/fs12/i/2006/291/b/c/Wake_Up_by_XxsweeetyXx.jpg
Lúcida.
Antenada.
Revirando gavetas lacradas,
inconscientes.
Faxinando sentimentos distorcidos, escondidos,
espanando sonhos malfadados.
Escorraçando temores e dores,
lavando minh'alma do negativo e inconsistente.
Reencontro feliz de mim,
comigo mesma.
Releitura madura:
linhas que tracei, frutos que colhi,
mágoas que causei, tombos que levei,
venturas que somei, amor que doei.
Hum... A paz que essa assepsia traz!
Balanço necessário ao equilibrio do meu eu
interno e conspurcável.
Me sinto suave, cálida, leve,
generosa e serena.
Fortalecida e firme,
... me sinto em paz!

Deise Barreto
A imagem “http://certosmomentos.blogs.sapo.pt/arquivo/sunshine.jpg” contém erros e não pode ser exibida.
Acordei com o sol...

Hoje acordei com os raios de sol a entrarem pela janela.
Deu-me vontade de me perder nas ruas da minha cidade,
sozinha, caminhando sem passo certo, simplesmente vagueando...
Deu-me vontade de me sentar no paredão a ver o mar, só com o vento como companhia...
Deu-me vontade de andar de carro, sem destino certo...
Hoje deu-me vontade de fazer tantas coisas...como já algum tempo não sentia esta vontade...
Acabo por levar a vida demasiado a sério, esquecendo-me de desfrutar das pequenas coisas da vida,
como este sol que hoje decidiu sorrir para mim logo de manhã...

Hoje o sol sorriu para mim...


Deise Barreto

sábado, 11 de abril de 2009




Para a amiga Deise

D oce amiga
E ncantadora criatura
I mperatriz da alegria
S entimental, todavia
E strela no céu da poesia

Dhenova

Obrigada amiga Dhenova....Amei!!!!








"Se eu pudesse deixar algum presente a você,
deixaria aceso o sentimento de amor à vida dos seres humanos.
A consciência de aprender tudo o que nos foi ensinado pelo tempo afora.
Lembraria os erros que foram cometidos, como sinais
para que não mais se repetissem.
A capacidade de escolher novos rumos.
Deixaria para você, se pudesse, o respeito aquilo que é indispensável:
alem do pão, o trabalho e a ação.
E, quando tudo mais faltasse, para você eu deixaria, se pudesse, um segredo.
O de buscar no interior de si mesmo a resposta para encontrar a saída."

Mahatma Ghandi

Peregrino

Peregrino de sonhos
onde me arrasto trôpego
na procura esquisita
de não sei o quê...
Ruas vazias,
idéias vazias,
mundo vazio
assoberbam-me
de nada
ou quase...
Sobre minha cabeça
chuviscam esquecimentos
em intermitentes embates.
Aí por dentro,
tudo inacabado
em decomposição
e saudade
nem sei do quê...
Das cartas que nunca escrevi,
não sei!
E, assim,
continuo tropeçando
em sombras
e, de olhos vendados,
procuro um olhar,
ou não sei o quê...
E vou em frente
com minha desordem mental,
meus desvarios,
minhas incertezas,
para onde?

De: João Costa Filho



PINGOS DE CHUVA...

Chove lá fora
penso em ti
lágrimas caem
saudades sem fim...

Relembro momentos
fim de tarde...
anoitecer...
desejos ardentes...
ficaram em mim.

Chove lá fora
saudades sem fim...
pingos de chuva
tocam em mim...

ILZE SOARES



LUAL DA FANTASIA

A donzela despiu a fantasia
mostrou a face pra lua crescente
perseguiu a poesia
desenhou na areia o sol poente

A mulher nascida
permitiu-se devaneios todavia
encerrou a noite calada
disfarçou o amor na cara lavada

Devaneios de amor
de louvor, cor, paixão sem dor
nada de príncipe encantado
apenas o homem de fato, no ato

sem fantasia
sem lua crescente
sem poesia
sem sol poente

só a mulher
e seus devaneios
encerrando a noite
mascarando o tempo

Dhenova


Vôo Noturno

O anjo noturno vem voando sem parar
na escuridão imensa da tortura
Sois noite sem estrelas, sem luar
Sois a água contaminada, outrora pura

Todos dormem e talvez estão a sonhar
enquanto o anjo chora sua amargura
Ele tenta de todas as formas se curar
Da ferida de sua alma hoje escura

Mas este anjo não fora sempre triste!
Pois ele é apenas um reflexo, um espelho
Que neste mundo hoje se instala!

E neste vôo noturno, ele sempre persiste
Talvez a buscar ajuda, algum conselho
Alguma voz que o tirasse desta vala!

Rangele Guimarães