sexta-feira, 1 de maio de 2009

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ABRIL CHUVOSO

Quando te vi, partiram todos os trens
e os meus sonhos foram na bagagem.
Fiquei para sempre na estação vazia
esperando que passasse cada inverno
para que eu pudesse seguir viagem.

Não voltaste para devolver meu olhar
aos trilhos
e o outono chegou sem que o verão
se manifestasse.
Caíram-me as folhas
secaram-me os olhos,
parou meu coração.

Novo abril chuvoso, tantos anos depois,
aqui estou estendendo-te a mão
para que me reconheças
já não há mais trens nem estações
mas há os sonhos ressuscitados
e a certeza de que és tu
o mesmo homem que me acenou
de um daqueles vagões

Aíla Sampaio

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